Antes de 1960, o formato do Campeonato Gaúcho baseava-se em confrontos regionais, com um sistema eliminatório que envolvia o campeão da capital e diversos outros times representantes de várias regiões do estado. Este modelo resultou em uma característica marcante: até 1960, apenas uma equipe de Porto Alegre conseguia se classificar entre os quatro primeiros do campeonato, e raramente mais de um clube da capital participava da competição.
Durante essa época, o Grêmio alcançou a final 18 vezes, enfrentando o campeão do interior, saindo vencedor em 12 ocasiões e sendo derrotado 6 vezes. Por outro lado, o Internacional sagrou-se campeão porto-alegrense em 16 temporadas. Quando confrontado com o campeão do interior, o Internacional venceu 15 vezes, tendo sido derrotado apenas uma vez pelo Rio Grande em 1936. Outros clubes de Porto Alegre, como o Americano em 1928, o Cruzeiro-RS em 1929 e o Renner em 1954, também chegaram às finais do Campeonato Gaúcho por regiões e venceram seus jogos contra equipes do interior.
Assim, nesses 42 anos de campeonato neste formato específico, houve 30 vitórias para times da capital e 7 para equipes do interior. Vale destacar que o Campeonato Gaúcho não ocorreu em 1923 e 1924 devido à Revolução de 1923. Além disso, as principais equipes de Porto Alegre não participaram do torneio nos anos de 1937, 1938 e 1939 devido a uma cisão na AMGEA (Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Athleticos), relacionada à adoção do profissionalismo entre os clubes e seus jogadores.
Forma Unificada
Desde 1961, o Campeonato Gaúcho passou a ser disputado de forma unificada, reunindo os principais clubes da capital e do interior na divisão principal. Esse novo formato incluía um sistema de promoção e rebaixamento (que variou ao longo do tempo) para as divisões inferiores.
Nos sete primeiros anos após essa unificação (1961-67), o torneio contou com a participação de 12 clubes, jogando no sistema de pontos corridos em dois turnos. O período entre 1968 e 1971 viu um aumento no número de clubes para 18, depois 25 e 23, introduzindo uma fase preliminar classificatória, mas mantendo a fase final com 8 clubes jogando em dois turnos. Em 1972, a fase final foi ampliada para 10 clubes.
Entre 1973 e 1974, com a expansão do Campeonato Brasileiro, a fase preliminar do Gauchão foi alterada para excluir a dupla Grenal, e a fase final adotou pela primeira vez o sistema “Fórmula Fraga”, com dois turnos independentes. De 1975 a 1977, essa fórmula se tornou mais complexa, com três fases independentes e os primeiros turnos classificando para as fases seguintes, com participação limitada a 4 equipes (e 8 em 1977). Em 1978, a complexidade da fórmula levou o Grêmio a ter que perder um jogo propositalmente para se classificar à fase final.
De 1979 a 1990, o campeonato retornou ao sistema de pontos corridos em dois turnos, com uma fase classificatória variável em número de clubes e pontuação extra para a fase final. Em 1985, a “Fórmula Fraga” foi brevemente reintroduzida. Em 1989, seguindo uma experiência da FIFA, o Gauchão eliminou os empates, decidindo jogos empatados com pênaltis.
Nos anos de 1991 e 1992, o campeonato introduziu uma final obrigatória, após uma fase classificatória com 20 a 22 clubes e uma fase intermediária com 8 clubes divididos em dois grupos. Em 1993, retornou-se ao sistema dos anos 1980, com uma grande fase classificatória seguida de um octogonal final. Em 1994, o torneio voltou ao sistema “todos contra todos”, mas com 23 clubes e um total de 44 rodadas.
A partir de 1995, a FIFA implementou a regra dos 3 pontos por vitória, aplicada inicialmente apenas na fase classificatória, que variou de 14 a 18 equipes. De 1995 a 1999, o campeonato foi decidido em fases eliminatórias, incluindo quartas-de-final em alguns anos. Entre 2000 e 2001, o Gauchão voltou à “Fórmula Fraga” para as fases finais.
Em 2009, o formato foi alterado para o sistema carioca de duas “taças” independentes, decididas de forma eliminatória, seguidas por uma final, se necessário. As taças inicialmente homenagearam ex-presidentes da dupla Grenal, mas em 2011 foram renomeadas para Taça Piratini e Taça Farroupilha.
Em 2014, devido à Copa do Mundo, o formato de duas taças foi abandonado, mantendo-se os dois grupos e as eliminatórias. No ano seguinte, o formato foi novamente alterado para um único grupo com todas as equipes.
Campeonato Gaúcho de Futebol Feminino
O Campeonato Gaúcho de Futebol Feminino é uma competição que reúne times femininos do estado do Rio Grande do Sul. Organizado pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), o torneio promove o futebol feminino na região, oferecendo uma plataforma para o desenvolvimento e a visibilidade das atletas.
O campeonato segue um formato similar ao masculino, com clubes de diferentes cidades do estado competindo pelo título. Ao longo dos anos, o torneio tem se expandido e ganhado mais reconhecimento, refletindo o crescimento do futebol feminino em âmbito nacional e internacional.
As equipes participantes variam a cada edição, com a presença de times tradicionais do futebol gaúcho, como o Internacional e o Grêmio, que têm investido de forma significativa em suas divisões femininas. Esses clubes têm contribuído não só para o aumento da competitividade do campeonato, mas também para a maior visibilidade e profissionalização do futebol feminino no estado.
Além da competição principal, existem categorias de base que promovem o desenvolvimento de jovens atletas, contribuindo para o fortalecimento do esporte feminino na região. O Campeonato Gaúcho Feminino tem sido um importante passo para o reconhecimento e a valorização das mulheres no futebol, oferecendo oportunidades para que mais atletas possam mostrar seu talento e representar o Rio Grande do Sul em competições nacionais e internacionais.